Trocar a presidente era o correto a fazer. Seria o fim do desemprego, dos problemas macroeconômicos, da desigualdade, da miséria e, sobretudo, da corrupção.
O despertar após o panelaço seria de organização, competência e progresso. Não teríamos mais os problemas gerados pela esquerda. Ninguém mais teria problemas com o Ministério do Trabalho, as empresas não pagariam mais tributos, e o leão do Imposto de Renda seria, finalmente, morto.
Só que não.
Era um arremedo de sonho infantil. Inócuo. Assim como está sendo este frenesi em torno da prisão do líder do mal, aquele que tudo via e tudo podia.
Vê-se que não se está entrando no mérito, mas apenas firmando posição no sentido de que, se um país não pode viver de heróis, tampouco deve calçar o seu futuro em punições exemplares, que aliás, pelo que se nota, não estão a dar exemplo algum. Pelo contrário, apenas realçam mais a diferença da postura de autoridades em relação à "A" e "B".
Tem gente aí rindo disso, ostentando brasão de família e gritando aos quatro cantos que a água não irá bater no seu queixo.
É o Brasil que continua sendo o Brasil de sempre, o que nem poderia ser diferente, porque um país não muda com um golpe, e muito menos com um circo armado para mostrar ao mundo que agora iremos punir a qualquer um, ressaltando vaidades e meramente trocando o chicote de mão.
E se a ideia era de dar exemplo, acho que poderia ter sido outro. Prender alguém, sem provas cabais, ao menos publicadas - frise-se, neste processo, que é o que ocasionou a prisão, não é exemplo.
Como não é exemplo iniciar a new age justamente por alguém que conduziu um projeto que retirou 30 milhões de pessoas da miséria pura e absoluta, e jogou-as para dentro dos supermercados, para, acreditem, comprar comida e comer.
Não é exatamente o recado que o país deveria dar. Isso não é tratar a todos com igualdade. Foi uma escolha, um troféu, sendo que a poucos quarteirões, temos dezenas de exemplares que saquearam centenas de milhões de reais, da forma mais descarada possível, e nada. Nada de dar exemplo com eles.
Um pede dois milhões, outro recebe 12, e outro é pego fugindo com uma mala contendo R$ 500 mil. Ah, e outro é gravado mandando seguir o pagamento de um "cala-boca". Com estes, nada.
Está equivocada essa estratégia do exemplo. O mundo não irá entender. Nem mesmo quem hoje aplaude irá saber explicar porque aplaudiu. O Brasil não irá melhorar assim, com rompantes de razão.
Nosso país carece de uniformização de condutas. Se a linha de corte subiu para uns, deve subir para todos, não importando o lado, ou mesmo a cara de bom velhinho do sujeito.